Terça-feira, dia 26 de março, foi dia de poesia. Dia do sarau poético mais aguardado do trimestre! Os alunos dos quintos anos prepararam apresentações criativas a partir da leitura do livro “É tudo invenção”, de Ricardo Silvestrin. A atividade realizada na disciplina de língua portuguesa busca incentivar a leitura e o verdadeiro prazer que só a poesia é capaz de promover.
E como poesia nunca é demais…
O apanhador de desperdícios
“Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.”
Manuel de Barros